PROFESSOR PAULO G UNNA |
“PERSONAS” DA DERMATOLOGIA
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Esta nova seção de nosso site tem a intenção de fazer um passeio pela maravilhosa historia da dermatologia mundial e brasileira, fazendo um tributo e um resgate aos pioneiros e aos profissionais da contemporaneidade, que com sua paixão pela especialidade, contribuíram para sua construção e avanços, em todos os cenários, tanto da atenção, como da pesquisa e do ensino e das políticas publicas. Nosso primeiro homenageado, e o grande Professor Paulo Gerson Unna, que certamente deve trazer a todos os profissionais de saúde a imagem de uma de suas grandes realizações, dentre tantas, que foi a “Bota de Unna”, ate hoje consagrada na terapia tópica de ulceras vasculares. Filho do conceituado médico Moritz Adolph Unna, o Professor Paul Gerson Unna nasceu em 8 de setembro de 1850, em Hamburgo. Seu avô materno também havia sido um importante cirurgião. No começo de 1870, iniciou seus estudos de medicina em Heidelberg, interrompendo-os em agosto com a eclosão da guerra franco-prussiana. Alistou-se como voluntário e foi gravemente ferido. Com o fim da guerra, retomou seus estudos em Heidelberg e frequentou as universidades de Leipzig e Estrasburgo, onde completou sua formação em 1875. Sua tese de doutoramento revela fatos novos, de grande importância, sobre as diferentes partes e elementos da pele que o professor Unna pôde observar graças ao uso do ácido ósmico e do picrocarmim. Mostrou que a epiderme compunha-se de estratos diferentes, cada um formado por outras camadas celulares, com contínua migração de células entre elas. O estrato mais profundo, chamado estrato basal, era responsável pela regeneração da epiderme. Essa descoberta, confirmada por conceituados anatomistas e histologistas, tornou-o muito conhecido entre seus pares. Aos 27 anos, vai a Viena para assistir às aulas e demonstrações clínicas de Ferdinand Hebra, Hans Hebra, Moritz Kaposi e Heinrich Auspitz. Com este último, chega a publicar, em 1877, dois artigos a respeito da anatomia patológica do “cancro sifilítico”. Em outubro de 1876, Unna assumiu o cargo de médico assistente na sessão de sífilis do Hospital St. Georg, em Engel-Reimers. Em seguida, associou-se à movimentada clínica do pai, em Hamburgo, aliviando-o do encargo de atender pacientes à noite e de fazer visitas em locais de difícil acesso. Em 1882, professor Unna decidiu fundar sua própria clínica especializada em doenças da pele, o Dermatologicum. No mesmo ano, criou com Oscar Lassar e Hans Hebra oMonatsheffe für praktische Dermatologie, primeiro periódico de dermatologia da Alemanha e, por muitos anos, um dos principais catalisadores da especialidade que começava a se cristalizar em outros países, até mesmo no Brasil. A clínica ,com apenas dois auxiliares, logo se tornou insuficiente para atender à crescente demanda. Em abril de 1884, inauguram-se as modernas instalações do novo instituto dermatológico, em Eimsbütell, um subúrbio de Hamburgo, com bem equipados laboratórios para os médicos assistentes, três pavilhões para os doentes e, ainda, a residência do proprietário. Naquele tempo, não havia treinamento organizado ou obrigatório para as especialidades médicas em formação e, assim, o Dermatologicum começou a atrair um número crescente de estudantes da Alemanha e do exterior. Em 1886, seu escopo foi ampliado e tiveram início os cursos de pós-graduação, que incluíam anatomia, histopatologia, bacteriologia, micologia, farmacologia, química e fotografia, aliados a intensa prática clínica com os doentes, que afluíam em grande número. Nomes reconhecidos como pioneiros da dermatologia em diversos países figuram entre os primeiros médicos treinados ali: Pollizer, Török, Tommasoli, Eddowes, Noyes, Walker, Buzzi, Santi e Ernst von Düring, entre outros. Unna pesquisou os processos bioquímicos da pele, e nela descobriu o Stratum granulosum. Descreveu diversas doenças e introduziu terapias novas. Entre os trabalhos que publicou destaca-se Die Histopathologie der Hautkrankheiten (A histopatologia das doenças de pele), de 1894, obra considerada um marco na história da dermatologia. Dentre suas grandes descobertas, devemos mencionar a Bota de Unna um excelente recurso utilizado ate os dias atuais no manejo das úlceras venosas, contribuindo para um alívio da dor . Trata-se de um método compressivo, que melhora o fluxo venoso. Professor Unna estudou e desenvolveu a fórmula da pasta de Unna, composta por, entre outros constituintes, de óxido de zinco, calamina, óleo de castor, petrolutum, numa base de glicogelatina. Em 1911 , com um espírito empreendedor fora de série, uniu-se ao farmacêutico Dr. Oscar Troplowitz, e ao químico Dr. Isaac Lifschütz uniram seus conhecimentos e compartilharam o seu know-how e sentido intuitivo sobre as necessidades da pele. Desta união nasceu um creme alemão que iria revolucionar o mundo dos cuidados da pele de todo o mundo. Pela primeira vez, foi possível combinar, na mesma solução estável, água e óleo. Enriquecido com lipídos hidratantes, óleos e uma fragrância delicada, nasceu “uma lenda branca cor de neve”, que veio escrever a história da marca, ate a atualidade. O creme, ao qual chamaram NIVEA, rapidamente se tornou famoso. E o mais curioso é que, quando “nasceu”, foi colocado numa embalagem amarela, inspirada no estilo Art Nouveau. Prof. Unna faleceu em Hamburgo, vítima de gripe, em 29 de janeiro de 1929 e seu legado para a dermatologia enquanto ciência e especialidade e inegável. |
Imagem mostrando a evolução das latinhas do “ creme Nivea “ ao longo do tempo. |
Fonte http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/html/pt/static/correspondencia/paul.php |
Credito da foto da estatua do Professor Unna – Dr. Samuel Henrique Mandelbaum |
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